A infecção do trato urinário (ITU) é extremamente frequente, e pode ocorrer em todas as faixas etárias. Na vida adulta, a incidência de ITU se eleva e o predomínio no sexo feminino se mantém, com picos de maior acometimento no início ou relacionado à atividade sexual; durante a gestação ou na menopausa, de forma que cerca de 50% a 80% das mulheres terão ao menos um episódio de ITU na vida e 15%, ao menos uma ao ano.
As infecções urinárias recorrentes (ITUr) são caracterizadas pela presença de dois ou mais episódios de ITU em seis meses ou três ou mais episódios ao ano após a cura da primeira infecção e ocorre em aproximadamente 30% a 50% das mulheres que desenvolvem o quadro de cistite aguda. Alteração da flora vaginal, estados de hipoestrogenismo, diabetes mellitus, imunodepressão, incontinência urinária, atividade sexual, uso de diafragmas ou espermicidas e gestação são citados como fatores de risco. Predisposição genética nos casos de ITU de repetição também é encontrada, sendo que mulheres, cujos parentes de primeiro grau são acometidos pela ITUr, possuem maior chance de desenvolver o problema. Em geral, mulheres com infecções recorrentes não apresentam qualquer alteração anatômica do trato urinário, não se fazendo necessário, de rotina, a realização de exames de imagem contrastados e cistoscopia. O tratamento clássico da ITU de repetição envolve a antibioticoprofilaxia em diferentes esquemas, devendo-se levar em consideração o antibiograma, custo e tolerabilidade. Todavia, terapias profiláticas alternativas como Cranberry, probióticos e extrato de E. coli, têm sido propostas, em virtude do aumento da resistência bacteriana aos antibióticos. Os resultados dependem de vários fatores que envolvem a saúde geral da mulher. Independentemente do método profilático adotado, o acompanhamento destes episódios deve ser feito por meio de cultura e testes de suscetibilidade (quando possíveis), para o ajuste terapêutico dos episódios sintomáticos iniciais e para guiar a seleção antibiótica de um episódio subsequente. Qualquer sinal de infecção como dor, ardência, odor diferente na urina ou sangue deve ser comunicado ao médico urologista que irá avaliar a melhor forma de tratar.